Tem um fantasma no meu banheiro.
Descobri isso na semana passada, quando ao derrubar a pasta no chão e em decorrência expressar minha indignação com um efusivo termo chulo para o falo.
CARALHO! Eu disse.
Ouvi uma gargalhada partindo de trás do vidro turvo do box, como se alguém gargalhasse com a boca na tubulação da casa.
No dia seguinte a janelinha do banheiro amanheceu rachada.
Quando ouvi a gargalhada estava com muito sono, tinha sido um dia estressante, e a noite era apenas a ponte para os problemas do dia seguinte.
Menosprezei o evento.
Mas hoje ele se manifestou de novo, senti o arrepio na espinha, e um barulho estranho, tenho que confessar, senti medo.
Foi um medo engraçado, paralisei por um instante e em seguida liguei meu player de músicas, e continuei a escrever, mas olhando em volta cada vírgula, com aquele sentimento paranóico de perseguição.
Segui escrevendo num rítmo cada vez mais alucinado, não sentia o ar ou o frio, não sentia meus dedos e nem o barulho das teclas, ou o barulho do ônibus que passou na rua naquele instânte, nem a luz do farol que iluminou a parede a 1 e 37 da madrugada de hoje.
O fantasma, nem lembrava mais o que temia, o arrepio era tudo e os barulhos estranhos, insetos talvez, ou peças da minha orelha. Não! A música se distorce e a voz me diz.
- Você é divertido.
- Mas não fui com a sua cara
- Vai dormir que semana que vem tem mais
- Mais uma semana
- Meu nome é Din
- Tchau
Imagino que a parte do meu sistema nervoso produziu este texto, foi a que é acionada quando a vida corre risco, e que reserva boa parte de nossa energia de ação, para o funcionamento dos órgãos e é instântaneamente planejada. É quando um segundo não é mais um segundo. Um segundo é um minuto interminável, um minuto é muito menos que um segundo que lhe resta.
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